Saiba mais sobre o fim do modelo de gestão tradicional.
A influência da inovação na vida em sociedade é uma realidade cada vez mais perceptível. Basta observar a revolução tecnológica que, segundo Schwab (2011, p. 11), implica nada menos do que a transformação de toda a humanidade, seja na maneira de viver, trabalhar e se relacionar. E não seria diferente com os modelos de negócios. Ao observamos o crescimento exponencial de startups, também nos questionamos quanto aos modelos de gestão utilizados para alavancar seu crescimento.
Se as tecnologias e os modelos de negócio estão mudando, como gerir as empresas nesta nova dinâmica? A máxima “trabalhe como se você fosse o dono da empresa”, sem, contudo, receber como se dono fosse, não faz mais sentido na atualidade. Mais e mais pessoas estão se qualificando, seja em universidades ou em cursos técnicos. A era do conhecimento compartilhado levou as pessoas a um novo patamar, questionando os modelos de trabalhos focados unicamente em repetição, iniciados na era Ford. Ou seja, as pessoas passaram a questionar mais o porquê de não empreender por si próprias do que empregar sua força de trabalho para o lucro de terceiro.
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Para uma empresa que hoje cresce em nível exponencial, primeiramente chegou à conclusão de que o modelo de comando e controle, até então imperativo na maioria das empresas, não funciona mais. A nova lógica observa o crescimento das empresas da seguinte forma: o empreendedor cria, a empresa começa a crescer e vender, o empreendedor contrata colaboradores para a produção, para o setor de vendas, para a administração, e assim inicia uma hierarquia empresarial, que visa replicar o que o empreendedor fazia no início.
Contudo, o que se observa, é que o motivo do crescimento é a pessoa que desenvolveu a ideia, o produto, e fazia isto muito bem, mas, com o passar do tempo e do crescimento, ela deixa de fazer o que “fazia muito bem”, para atuar no comando do time que está abaixo, e quanto mais a pessoa cresce, mais ela comanda, mais ela controla, menos executa, até chegar ao estágio onde apenas comanda. O talento, o aprendizado do processo, de estar perto do cliente, da criação do produto, deixam de ser executado, gerando ineficiência. Ou seja, a criação perde o talento para um cargo de gestão, e esta não funciona bem. O mesmo vale para os colaboradores, pois, para crescerem na empresa, necessitam alcançar cargos de gestão, que remuneram mais. Além disso, os novos colaboradores, que chegam com vontade e novas ideias, acabam engessados pela cadeia de comando e controle, sem possibilidade de inovar.
Parece claro que o modelo atual está em decadência, e que é necessário manter os talentos em seus lugares, além de proporcionar a manutenção dos novos talentos e a motivação de toda a corporação. Nesse contexto, surge a ideia de Partnership, modelo muito empregado em startups e no setor bancário. A cultura da XP e do BTG, por exemplo, adota o modelo de Partnership, e foi inspirada em empresas como AMBEV e Goldman Sachs.
Mas afinal, que modelo de gestão é esse?
O modelo de Partnership fala em contexto e controle, em liberdade com responsabilidade, transparência e verdade, e meritocracia. Um exemplo claro é a possibilidade de proporcionar aos funcionários mais estratégicos o direito de comprar participação da empresa e se tornarem sócios, dividindo responsabilidades e, obviamente, o lucro. A XP, por exemplo, empresta o dinheiro para os seus novos sócios adquirirem cotas, e a dívida pode ser pagar através dos bônus recebidos. O funcionário pode comprar as ações por um valor patrimonial, ou seja, abaixo do valor real praticado no mercado.
É óbvio que nada é de graça. É necessário adotar um controle de metas claras, com acompanhamentos frequentes. Em relação à remuneração, utiliza-se o modelo de meritocracia, isto é, cada sócio recebe o quanto merece de acordo com os serviços prestados, o que não deixa de ser uma motivação adicional para que ele busque melhorar seu desempenho continuamente e, obviamente, ajude o crescimento da empresa e dos demais sócios, que se beneficiam também.
Se o modelo funciona para a XP, para a Startse, para a Ambev, não poderia servir para empresas menores? Se o desafio das empresas hoje é buscar modelo de gestão em que os sócios tenham um desejo maior de continuar na empresa e vê-la prosperando, de aumentar a retenção de talentos e evitar a perda de bons funcionários para concorrentes, estimular a cultura de dono e a produtividade dentro da própria empresa, a Partnership é, sim, uma solução. Afinal, o principal ativo de um negócio são as pessoas e, quanto mais envolvidas com a cultura de dono, melhor o engajamento e os resultados.